Terceirização|Outsourcing

O valor de um olhar de fora para o inovar

Professor Paulo Ferreira

            O ponta-pé inicial da terceirização foi marcado lá pelos anos 90. No Brasil todo mundo correu atrás. Os gestores vislumbraram uma ótima possibilidade de reduzir custos com uma contrapartida de aumentar sua competitividade. Algumas organizações foram bem sucedidas e outras se depararam com total fracasso.

            Passados 16 anos o tema volta à tona: é melhor centralizar ou fragmentar as atividades da empresa? Felizmente essas dúvidas exigem um outro pensar para o século XXI.  Um pensar que se permita honestamente ver que a organização tem enormes dificuldades em se relacionar com as mudanças, então o que dizer com as mudanças inovadoras.

            Via de regra, mais uma vez no Brasil foi à redução de custos que inclinou grande parte das empresas a caminharem para a terceirização. Um universo que limitou essa estratégia à “eu pago você tanto e você me dá tanto”. Passamos os anos 90 boicotando a fala e a escuta, a multidimensionalidade de experiências e a contribuição do olhar de fora para inovação do de dentro. Reserva para mantermos nossas posições de poder, medo de assumir que o hábito perde o olhar apaixonante ou pura preguiça e relaxamento. Sendo como for, só agora estamos dando nossos primeiros passos – como crianças que saem do engatinhar e passam a ver o mundo de uma nova perspectiva -  em relação ao compartilhar e dialogar “olho no olho” com nossos terceirizados. 

            É engraçado que para a vida concordamos que o olhar de fora soma um apoio inigualável. Veja você que num time de futebol o técnico nunca é um jogador, no xadrez aquele que assiste a partida tem uma percepção mais apurada do que aquele que está imbuído de dar a próxima jogada e nas relações emocionais, quantas e quantas vezes nos lançamos de amigos, quando estamos em alguma encruzilhada, para que nos permita um desabafo e nos dê um conselho. Realmente em todos estes exemplos, exemplos de vida, não queremos saber do custo da nossa terceirização, tipo: vai falar para os outros das minhas fragilidades, vai se sentir por cima, vai pensar que sabe mais do que eu. Queremos mesmo saber se esse Santo de fora de casa pode mesmo fazer milagres – agregar valor.

            A empresa, companhia, organização, seja como você deseja chamar, está cada vez mais parecida com a vida. E a vida que não busca outras vidas que lhe proporcionem novos horizontes, perspectivas, inovação e criatividade, se fecha para o mundo, tende a ficar velha e deprimida. Da mesma forma acontece com as organizações. Infelizmente temos tentando entender beleza como traço físico e quantas cirurgias plásticas tem sido feitas neste sentido. Quando beleza é a capacidade de produzir e compartilhar luz. É isso que as pessoas esperam das organizações, algo que acenda nelas o prazer de uma experiência feliz. É isso que outras vidas podem trazer de conhecimento e desenvolvimento para as nossas vidas.

            Modelos, métodos, parametrizações, enfim, a empresa tem passado por um número de cirurgias plásticas que acabam não trazendo beleza. A Terceirização moderna e contemporânea realmente pode ser essa nova cultura e será para muitos.  Porque eles farão que nem as mães quando resolvem escolher pediatras para seus filhos. Além do especialista tem que estar lá o amigo. Esqueça de parceiros e pense daqui para frente em empresas amigas (Alianças Estratégicas). Só existe terceirização de sucesso, sejam para produtos de meio ou de fim, entre empresas amigas. Porque só para um amigo que você liga e ele antes de pensar em honorários vai pensar no seu problema.

            O pessoal que controla os números deve estar pensando já no custo disso tudo. Realmente, amigos não são coisas que encontramos na esquina e muitas vezes o preço deles é bem superior do que o mercado paga. Por isso que a terceirização para ter sucesso deve ser sempre uma escolha a dedo. Pois, construa uma vida sem amigos e tente pensar nos seus resultados.   A empresa não é diferente da vida. Porque há vida na empresa.